Divulgarei neste espaço as poesias que escrevo quando a inspiração surge... Leiam, opinem, comentem, essa troca me será de extrema importância. Sejam todos bem-vindos sempre! Agradeço as visitas. Abraço fraterno,

Sergio Loyola

sábado, setembro 11, 2010

DIVA

Estou te buscando
Dentro do meu próprio infinito
Procuro uma cura
Um refúgio
Onde possa seguir te amando
No teu colo bendito
Acalanto,brandura
Preciso da tua paz
Necessito da semente
Do teu amor
Do meu corpo,tu és o caminho
Que me faz ingênuo,inocente
O mais puro carinho
Que não perderei jamais
Tu me faz esquecer
A falta que sinto
De mim mesmo
Tu equilibra meu sofrer
Me torna um homem mais distinto
Nunca te perca de mim
Me leve sempre onde for
Guarda meu coração
Remédio para minha dor
Dona do meu destino
Enfim.

CHEGADAS E PARTIDAS

Como uma grande plataforma
A vida segue seu eterno ir e vir
Fazendo de nós,passageiros
De uma sucessão infinita
De desembarques e partidas
Hoje voce chega,outro vai embora
Não existe regra,nem norma
Aprendemos a nos permitir
Momentos curtos,amores ligeiros
Até que o trem apita
Em nossas tristes despedidas
Na lembrança de tempos afora
Tudo que passou,passou
Resta apenas a dor
No peito dos teus entes queridos
Tua vida é como uma trama
Que vai sendo deixada prá trás
Através da janela do trem
Nenhum bem voce levou
Certo ter sofrido por amor
Ao longo dos anos vividos
Tua trajetória como um holograma
Um filme que não volta mais
E já não interessa a ninguém.

RECORDAÇÃO

O vento gélido da madrugada
Traz a saudade da pessoa amada
Que por ironia do destino
Amarga o triste sabor da distância
Como a melodia de um violino
Carregada no aroma de uma fragrância

E nem todos os raios de luar
Nem todas as ondas do mar
Podem aplacar a dor no meu peito
A angústia de te recordar
Na alcova do teu leito
Só por mim a esperar

E como um rio de lamentos tristonhos
Como a noite dos mais doces sonhos
Desfilo ao acaso minha solidão
Vagando pela cidade deserta
Retrato vivo de uma paixão
Inevitável,quando o amor desperta.

FACE OCULTA

Voce é meu mais dileto
Instrumento de carinho e afeto
Estar com voce me traduz
Das cores sua beleza
Das flores a Natureza
Que tão sutil me seduz

Fonte sublime de inspiração
Deusa da minha imaginação
Ao meu vazio complementa
A doçura que eu quero ter
Na solidão de cada entardecer
Que a minha dor acalenta

Minha cara metade tão amada
Companheira da longa jornada
Por estranho que pareça isto
Sigo teu caminho no solo
Buscando a paz em teu colo
Sem jamais tê-la visto.

MUSA

Queria compartilhar do teu aconchego
Ganhar de ti,um chamego
Ser o mais feliz dos infelizes
Para carregar no peito,tuas cicatrizes

Queria ser uma linda canção
Para conviver na lembrança do teu coração
O lago mais limpido e transparente
Para refletir tua imagem reluzente

Queria te oferecer os primeiros raios de Sol
Que iluminam as pétalas do girassol
Ser o mais esperto dos idiotas
Para fazer-te rir com tolas cambalhotas

Queria ser a brisa para acariciar-te a face
Fazer amor toda vez que te olhasse
Sendo tua ausência o meu desencanto
Que me faz brotar o pranto

Queria me transformar num jardim
Onde tu corresses livre como um querubim
A mais bela flor das flores
Cuja existência cura meus dissabores

Queria ter o dom dos poetas
Para escrever-te algumas rimas seletas
Algo que fosse carinhoso e terno
Dedicado a musa do meu amor eterno.

EPÍGRAFE DE POETA

Quiçá,poder passar por esta vida
Com a certeza de que ela foi vivida
Sem medo do fracasso de arriscar
Pela mediocridade de não tentar

Ousando sempre por emoção
Seguindo os instintos do coração
Por entre as lágrimas do destino
Até o epílogo repentino

Colhendo da jornada os sabores
Dos mais variados amores
Tendo como testemunha só a Lua
Na madrugada nua e crua

Soprando incerto como o vento
Retrato vivo do sentimento
Que mantém acesa a chama
Da liberdade que no peito clama

Buscando forças na Natureza
Professor da alegria e da tristeza
Peregrino da noite vadia
Que jamais foi vã ou vazia

E quando chegar a hora
De partir,ir embora
Rumarei de encontro ao desconhecido
Felicíssimo,por ter vivido.

ESPANTALHO

Triste sina do espantalho
Encravado no meio da plantação
Como carta fora do baralho
Assiste a sua inerte solidão

O Sol forte e a chuva fria
Castigam sua pobre figura
Fazendo aumentar sua agonia
Da qual,jamais tem cura

Permanece sempre de braços abertos
Apesar do esforço que lhe custa
Esperando por dias incertos
E nem mais os corvos,assusta

Da vida é um simples expectador
Por entre as espigas do milharal
Pelas quais tem até amor
Numa relação quase paternal

Mas chega o dia da colheita
E todo o milharal é ceifado
Pobre espantalho com a roupa desfeita
Acaba entre as palhas do milho,despedaçado.

sábado, julho 03, 2010

ROCHEDO

Como somos tolos e complexos
Com nossos gestos loucos e desconexos
Talvez por não refletir
Magoamos as pessoas que amamos
Tornando a vida um eterno reconstruir
Daquilo que estragamos

Mas como não se entregar a paixão
Viver somente pela razão
Para quando chegarmos no inverno
Nos arrepender de não tentar
A intensidade de um amor eterno
Para ao menos recordar

Pobre sina dos amantes
Das suas almas errantes
Vivem o que outros têm medo de viver
Provam da essencia do amor
Porém é dificil de esquecer
Que sinônimo de saudade,é dor

E a vida segue seu caminho
Sempre a procura de um carinho
Tão imponente e forte como um rochedo
Implacável com os corações apaixonados
Entrelaçando-os num podre enredo
Para no final,acabarem dilacerados.

EQUILIBRIO DISTANTE

Eu preciso parar
De fugir de mim mesmo
Eu preciso encontrar
O equilibrio perdido
Porque ninguem chora
Sua tristeza
Ninguem fica deprimido
Com sua mágoa
Voce deve procurar
As respostas,dentro de si
Bem fundo no seu sentimento
Porque Deus não paga suas contas
Não resolve suas afrontas
Voce deve esquecer
Que o passado existiu
Pois ele é um fardo
Pesado demais para se erguer
Voce pode não crer
Mas tem de ter esperança
Que o dia seguinte
Te trará mais confiança
De seguir em frente
Dar mais um passo
Voce tem de ser forte
Mesclar razão e coração
Pois se não chega a morte
E tudo foi em vão
Voce tem que acreditar
Que voce é capaz
Que o futuro é o passado
Que pode-se modificar.

OLHOS NEGROS

Estes teus olhos tão escuros
Pequenas jabuticabas reluzentes
Guardam segredos obscuros
São como imãs,atraentes

Estes teus olhos ladinos
Estão sempre a faiscar
Provocam quaisquer desatinos
De quem deseja te amar

Estes teus olhos sorrateiros
Brincam com as emoções
Despertam sentimentos traiçoeiros
No desenlace das paixões

Estes teus olhos ansiosos
Que brilham com plenitude
São formosos,fogosos
Reflexo da tua juventude

Estes teus olhos que falam
Tão cheios de expressão
Quando zangados se calam
Despedaçando meu coração

Estes teus olhos lindos assim
Pedem um carinho qualquer
Quando teu olhar pousou em mim
Me apaixonei por ti,menina-mulher!

MERETRIZ

Desce a noite devagar
E a infeliz criatura já se apronta
Para mais um elogio,um tapa e uma afronta
No amargo comércio do verbo amar

Viu passar seus melhores anos
Das esquinas da vida,operária padrão
Da mais antiga profissão
Sofrendo na carne,seus próprios danos

Sob o sereno a rotina continua
Vendendo o corpo e tomando aguardente
Para no futuro se tornar indigente
E ser substituída no ponto da rua

Mas mesmo assim ela mantém
Bonecas na cama como criança
Perfume barato e bonita trança
Para atrair mais um vintém

Na vida sempre foi enganada
O rapaz que a deixou barriguda
O cafetão que ela ajuda
Triste sina da pobre coitada

Esta é a vida de Maria do Cais
A alegria dos marujos
Com seus corpos sedentos e sujos
A procura de um prazer a mais.

ATÉ BREVE

Voce que namorou Beth Balanço
Parte agora para o teu descanso
Levando contigo tua ideologia
Na busca ingenua do teu prazer
Dissidente mais puro da burguesia
Do grupo de risco que te fez morrer

Voce foi realmente um artista
Da vida,um grande estilista
Pena que não tenha descoberto
O nome do sócio do teu País
Mas ensinou a ver mais de perto
Ajudando uma geração a ser feliz

Voce viveu por amor
Voce morreu beija-flor
Permanecerá sempre na lembrança
Como uma bandeira de luta
Representará a eterna esperança
A sublimação de uma labuta

E se o tempo pudesse parar
Seria somente para te imortalizar
Pois quem nunca te viu
Gostaria de te sentir cara a cara
O menino menestrel do Brasil
Mas,o tempo não pára...

Privados da inteligencia da tua mente
Choraremos a poesia ausente
Para que os restos da tua presença
Sejam pingos de tamanha afeição
Que voce se tornará uma crença
Dada a leveza do teu coração.

FILHO DO VENTO

Que perda inesperada e brutal
Do último orgulho nacional
Tão rápido quanto o vento
Sua audácia,chamava-se coragem
Partiu levando nosso sentimento
Para uma derradeira viagem

Quanta alegria nas arquibancadas
Quantas marcas foram quebradas
Corria sempre na frente
Pois tinha pressa no seu modo de viver
Deve ter morrido contente
Fazendo o que jamais deixou de fazer

O Galvão Bueno exultando a exclamar:
-" Ayrton Senna do Brasil,mais uma acaba de ganhar!"
Não precisamos mais olhar a televisão
As manhãs de domingo,agora,estão de luto
Foi-se embora nossa paixão
Numa simples fração de minuto

O jeito de criança,moleque,maroto
Escondia a perícia e a técnica do piloto
Sinônimo da palavra velocidade
Das curvas,das ultrapassagens bem feitas
Restou apenas a dor da saudade
Nas homenagens que agora aceitas

Em cima do teu motor
Um povo depositava todo seu amor
O menino de ouro do Brasil
Desaparece assim ao léu
Ninguém sabe,ninguém viu
Foi disputar um Grande Prêmio no céu!

RENATO URBANO

Maior poeta dos anos noventa
Tuas palavras a alma acalenta
Professor dos amores proibidos
Menestrel das dores da paixão
A voz dos sonhos descabidos
Dos desvalidos do coração

E como dói,não mais te ver
Entre nós, não mais te ter
Ficamos órfãos da tua ausencia
Esquecidos das frases malditas
Da tua plena consciencia
Desta Nação de parasitas

Perdemos nosso rouxinol
Pois era frágil como um girassol
Viveu e morreu por amor
Aproveitando da vida,o momento
Levando a mágoa da dor
Do teu incompreendido sentimento

Permanecerá na lembrança
Sinônimo do que é esperança
Será sempre cultuado
Como um símbolo num altar
Retrato do ser amado
Mestre,a nos ensinar.

domingo, junho 13, 2010

DORAMUNDO

Daquele tempo tão distante
Lembro da tua juventude exuberante
Teus lindos seios
Cheios
Tua boca e o teu frescor
Tuas formas e a tua dor
Entranhadas em mim
Assim

Hoje,sem dúvida qualquer,
Renasce para a vida,uma mulher
Daquela terra morena
Serena
Livre de culpas e preconceitos
Dona dos seus próprios feitos
De alma nua
Sua

No mais fundo da memória
Para sempre vive nossa estória
Faz parte do meu ego
Não nego
Minha doce e triste recordação
Da ferida aberta de uma paixão
Roda mundo,gira mundo
Doramundo

TEMPESTADE

O vento uiva lá fora
E eu queria ter voce agora
Mas voce está tão distante
Tão longe quanto uma estrela brilhante
Os pingos da chuva de verão
São como lágrimas,que rolam pelo chão
Os trovões desta tempestade
São apenas como urros,de saudade

Como é sábia a Natureza
Que em todo seu esplendor e beleza
Castiga aos amantes
Como se fossem pobres meliantes
Açoitando seus caminhos,
Fazendo-os abandonar os ninhos
E mais tarde,refazem-se os lares
Misturados,todos os pares

Não sei como se pode fazer
Para amar e bem viver
Sem ter no coração
A ferida aberta de uma paixão
Sem ter na consciência
A desilusão de outra experiencia
Que,por destino ou por azar,
Acaba sempre em soluçar

POR QUE ?

Como é dificil a existencia
Neste mundo sem complacencia
Por que nos ensinam inverdades
Quando ainda somos crianças?
Por que não nos dão as facilidades
Para entendermos as mudanças?
Como é dificil viver pelo coração
Buscando paz e compreensão

Por que durante a vida
A alma está sempre a procura
Da co-irmã tão querida
Escondida na noite escura
E a cada amanhecer,as feridas
Que voce não queria ter
Aparecem bem refletidas
Nos olhos do seu bem querer

Por que a vida é tão austera
Por que o viver causa danos
Como se fosse uma fera
A devorar seres humanos
Por que não podemos amar
Nos relacionar simplesmente
Sem ferir e machucar
Vivendo sabiamente

Por que ??

BALADA

Eu te amo corpo,alma,
mente
Te amarei através dos tempos
eternamente
Mais do que voce,amo tua
lembrança
Teu mimo,dengo,beicinho,
criança
Junto a ti,vivo minha
solidão
Que nos teus braços amenizo
sedução
Contigo conheço carícias
plenas
Agarrado ao teu sexo nas noites
serenas

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO

Melhor do que ninguém,eu sei
Em tudo que acreditava quando amei
Recordo nossos dias tão felizes
Cheios do mais puro amor
Mas vamos cometendo alguns deslizes
Que os anos transformam em dor

O que era fácil de resolver outrora
Hoje é motivo de se ir embora
E como nos corredores de um labirinto
Vai se perdendo a esperança e a magia
Já não sei mais como me sinto
Eu tinha um tesouro e não sabia

Tento descobrir o lugar certo
Pode ser até que esteja perto
Refaço o caminho a procura
Daquela que sempre foi minha luz
Carregando no peito a intenção mais pura
Buscando o leito que mais me seduz

Contudo,minha busca é em vão
Por entre as vielas do coração
Enfim,vamos levando essa vida bandida
Enfrentando a morte no dia marcado
Trazendo a saudade da amada perdida
Em algum lugar do passado

BOCAINA

Serra encantada
Reduto de ninfas e duendes
Serra desenhada
Pelos caprichos da natureza
Serra desbravada
Pela força das águas ligeiras
Serra alada
No colorido das asas voadoras
Serra enevoada
Pelo ir e vir do vento brando
Serra marcada
Como uma terra de paz
Serra imaculada
Onde o espírito devaneia puro
Serra discriminada
Pelo preconceito de não os ter
Serra desvirginada
Tal qual uma linda jovem
Serra embalada
Pelo doce e triste canto da viola
Serra enamorada
Suspirando pelo rebolar da cabocla nativa
Serra jamais esquecida
Serra tão querida
Tão amada

CABROCHA

Queria desvendar teu sorriso
Pela malícia dos teus olhos rasgados
Dentro de ti,perder o juízo
Para confortar teus sonhos cansados

Queria ser parte do teu gingado
Descobrir tuas dores e cicatrizes
Penetrar no teu rebolado
Até o fundo das tuas raízes

Queria sentir a alegria do povo
Ao te ver sambar na passarela
Pois toda noite é Fevereiro de novo
Com as cores de uma aquarela

Mas se tuas noites são de alegria
Teus dias choram de tristeza
Quando tiras o luxo e a fantasia
Resta apenas a dúvida e a incerteza

Queria derreter o gelo do teu coração
Embalar-te na tua própria dança
Brincar o Carnaval da tua paixão
Fazer serpentinas da tua trança

Porém,tu não levas nada a sério
Vives enganando o verbo amar
Esquecendo que ele tem seu mistério
E o Amor,pode ainda te chegar

RAÇA

És negro como a boca da noite
Na lembrança,as marcas da senzala
Na dor se fecha e se cala
Do feitor,guarda apenas o açoite

Longe da sua terra natal
Sobraram as ladainhas e as tradições
Cultivadas sob o peso dos grilhões
No trabalho árduo do canavial

Zumbi representa seu espírito de luta
Entrincheirado no alto da serra
Ecoou seu brado de guerra
Que até hoje,nos Palmares se escuta

Depois da derrota sangrenta
O negro continua na vil escravidão
Esperando pelo milagre da abolição
Que a Princesa Isabel sacramenta

Veio então a sonhada alforria
As festas,o carnaval e a capoeira
Levantando do solo a poeira
Da dança do samba e da alegria

Hoje vive a dura realidade
Da desgraça da raça condenada
A sobreviver na favela,marginalizada
Esquecida pelo resto da sociedade

Triste sina de um povo
Que com seu sangue derramado
De sua mãe África,afastado
Ajudou a construir um Brasil novo

quinta-feira, junho 10, 2010

MULHER

Eu queria poder compreender
O teu universo de mulher
Talvez assim sem saber
Descobrisse o meu bem-me-quer

Eu queria poder sentir
A magnitude da tua maternidade
Na passarela do teu ir e vir
De uma rua chamada saudade

Eu queria poder avaliar
Toda profundidade do teu orgasmo
Para nele conseguir saciar
A intolerância do meu sarcasmo

Eu queria poder supor
A grandiosidade que esta escondida
No teu mais íntimo amor
Que sobrevive da tua juventude perdida

Eu queria tanta coisa contigo
Que acabo esquecendo um porém
E continuo a pagar meu castigo
Pois não passo de um tolo homem

VIDAS URBANAS

Nas grandes cidades
Habitam as inverdades
As grandes maldades
E lindas beldades

Nas grandes metrópoles
Vivem as mães e suas proles
Os políticos e suas hipérboles
Os gaiteiros e seus foles

Nas imensas aldeias
Tecem os marginais,suas teias
A Polícia e suas caras feias
Os banqueiros e suas bolsas cheias

Nos grandes centros urbanos
Reinam os governantes e seus danos
Os poderosos e seus negócios profanos
Exterminando a nós, seres humanos

ONE WAY

O asfalto frio
Da noite úmida
Corta a cidade nua
Na tua ingênua busca

O hálito quente do motor
Se perde na brisa gélida
Nas esquinas da selva urbana
A procura do teu amor

A madrugada como palco
Para encenar tua vida insana
Por entre cenários sórdidos
Da insensatez do teu drama

O beijo que não foi dado
Por uma palavra mal dita
O câmbio de marchas que pulsa
No ritmo do copo ingerido

O vento calado na tua face
As paralelas que serpenteiam
Dos pneus que deixam marcas
Na carência da tua alma

E amanhã
Mais um Baixo talvez
Desta sociedade pouco amada
Para saciar teu nariz burguês

MARUJO

Eu naveguei pelos sete mares
Ancorando minha solidão nos portos
Bebendo em todos os bares
Pela memória dos meus mortos

Eu abandonei todos os lares
Seguindo os caminhos da minha sina
Desfiz todos os meus pares
Pelo bem da própria rotina

Eu estive em todos os lugares
Vadiando pelo Mundo a fora
Respirei todos os ares
Vivendo hora por hora

Eu tive com meus lares
Os meus próprios pares
Naveguei todos os bares
Bebendo os sete mares

Eu ancorei meus mortos
Por todos os portos
Dos meus caminhos tortos

PIXOTE

Meninos de rua
De almas não tão puras
De genitália nua
Pobres criaturas

Vivem sua desgraça
Nos semáforos da Vida
Filhos da cachaça
Triste sina sofrida

Sobrevivem no abandono
Entre os dedos,a gilete
A marquise é o teto do seu sono
E os chamam,pivete

Seu prazer é cheirar cola
Por pura frustração
Da falta de ir a escola
Para se tornar o futuro da Nação

Retratos de uma realidade
Que o Brasil cultivou
São o câncer da sociedade
Que se auto-flagelou

E quanto mais anos passarem
Pior será com certeza
Nessa terra de ninguém
A ira dos filhos da pobreza

CONSTRUÇÃO

No esqueleto da construção
Ele sonha com a loteria
Por entre as garfadas de comida
Da marmita fria
Pensa em como a vida seria mais fácil
Se ele fosse político
E vivesse em Brasília
Forjando realidades e descendo a rampa
Todavia,o apito da sirene ecoa
E a britadeira está pronta a funcionar
A noite o pega de surpresa
Dentro do trem lotado
Suado e esgotado
E quando a escuridão baixa sobre a favela
Ele esta novamente na birosca
Ingerindo aguardente barata
Na boca da madrugada
Com a sofrida companheira
Ele faz sexo por instinto
Por um instinto animal
Depois devaneia
Rodopiando sua mente
Nas espirais de fumaça do cigarro mata-rato
Ansiando pelo fim do mês
Para o Governo pagar a promessa
Do abono do abandono
E quando chegar o fim do ano
Será condecorado,como disse o patrão
Mais um operário-padrão

terça-feira, junho 08, 2010

DESLIZES

Não existe razão
Não permite perdão
Nem dó ou compaixão
Os assuntos do coração

Traída a confiança
Resta amarga lembrança
Daquela mulher criança
Tênue fio de esperança

Não adianta artifício
A um passo do precipício
O ser amor é sacrifício
Passado o tempo propício

Voce pode chorar
A sua dor aplacar
Tentando pensar
Por onde recomeçar

Restam apenas cicatrizes
Dos dias felizes
Para que amenizes
A culpa dos seus deslizes

BARGANHA

A chuva me deu a vida
Mas me roubou a colheita
O prazer me deu devaneios
Mas me tirou o êxtase

A vida me deu batalhas
Mas me roubou a paz
A morte me deu a lembrança
Mas me tirou as pessoas

A sabedoria me deu conhecimento
Mas me roubou a ingenuidade
A razão me deu equilíbrio
Mas me tirou a sanidade

O destino me deu o acaso
Mas me roubou a certeza
A visão me permitiu enxergar
Mas me tirou o belo

O amor me deu asas
Mas me roubou o Céu
A saudade me deu forças
Mas me tirou o Universo

O QUADRO

Esta mulher sem rosto
Que habita o meu quarto
Toda noite a esperar
Ansiando,ansiosa
A que horas ele vai chegar
Esta mulher sem rosto
Que paira sobre a minha cama
Toda noite a me confortar
Acariciando,carinhosa
A minha alma sofrida
De uma dor no peito
Tão doída
Esta mulher sem rosto
Que me dá as costas
Toda noite sem indagar
Silenciando,silenciosa
A razão do meu pranto
Sem perder seu encanto
Esta mulher sem rosto
Que vela o meu sono
Toda noite a me cuidar
Zelando,zelosa
Do jardim,uma rosa
Cantada em verso e prosa
Esta mulher sem rosto
Que já teve tantas faces
Diferentes formas de amar
Chorando,chorosa
Descansa no meu leito
O seu solitário mais-que-perfeito
Esta mulher sem rosto
Que não me abandona
Sem nunca protestar
Confortando,conformada
Carrega o amor no coração
Bálsamo da minha imperfeição

PENA CAPITAL

Depois que voce se foi
Da minha vida para sempre
Não consigo mais ficar contente
Não consigo mais sorrir
O arco-íris perdeu as cores
A rosa,as pétalas
O beija-flor,as flores
Mas ainda assim,tenho de ir
Aonde o vento me levar
Buscando alguma forma
Do sofrimento aplacar
Tenho de aprender
A lhe esquecer
Tenho de me relacionar
Com a minha própria solidão
A madrugada é companheira
Do coração triste,amargo
A bebida é uma fuga
Um atalho,a cada trago
Te vejo nas espirais
De fumaça do cigarro
Como um belo holograma
De um filme de ficção
A dor do remorso
Me consome inteiro
Voce aprendeu a me esquecer
Ao meu lado
E quando percebi
O amor tinha acabado
Mea culpa,Mea culpa

NOITE FELIZ

As luzes de Natal
Nas janelas dos edifícios
Piscam a minha tristeza
Traduzem a minha dor
Pelo presente que não vou dar
Pela mesa farta
Porém solitária
Por não saber conjugar
O dificil verbo amar
Nesta noite de harmonia
Comemorar a familia
Eu estarei num canto
Chorando o meu pranto
Ansiando para que logo passe
O aniversário do Deus menino
A minha janela está fechada
Não tem meia pendurada
Somente a solidão
Minha eterna companheira
Estará de prontidão
Na porta do meu coração

SORRY

Me desculpe,pelo filho
Que eu não pude ter
Me desculpe,pela mãe
Que eu não fiz por merecer
Me desculpe,pelo marido
Que eu não pude ser
Me desculpe,pelas ofensas
Mesmo sem querer
Me desculpe,pela ausência
De cada amanhecer
Me desculpe,pela dor causada
Mesmo sem saber
Me desculpe,pela casa desfeita
Por fazer voce sofrer
Me desculpe,meu amor
Por não conseguir te esquecer
Me desculpe,minha vida
Por não mais te viver!

QUANTAS ?

Quantas vezes voce
Quis voltar atrás
No tempo
Quantas maneiras voce
Imaginou p"ra recomeçar
Teu relacionamento
Quantas doses voce
Consumiu p"ra lidar
Com sentimento
Quantas noites voce
Perdeu insone p"ra aplacar
A dor
Quantas tentativas voce
Precisou p"ra descobrir a ausencia
De calor
Quantas bocas voce
Provou p"ra não mais ter
O Amor
Quantas carícias voce
Experimentou p"ra não sentir
Tesão
Quantas esquinas voce
Percorreu p"ra encontrar
A solidão
Quantas punhaladas voce
Necessita p"ra matar
Teu coração
Quantas ??

HUMANIMAL

Pobre de nós
Seres humanos
Com nossos atos insanos
Nossos desejos profanos
Nosso ódio e nossos danos
Pobre de nós
Criaturas
Com nossas almas puras
Nossas palavras duras
Nossas carapuças e armaduras
Pobre de nós
Infelizes
Com nossos defeitos e deslizes
Nossos amores e cicatrizes
Nossa saudade dos dias felizes
Pobre de nós
Desvalidos
Com nossos sonhos esquecidos
Nossos heróis pervertidos
Nossa prole,nossos entes queridos
Pobre de nós
Desgraçados
Com nossos destinos marcados
Nossos corações entrelaçados
E nossos passos ceifados

quinta-feira, março 11, 2010

DOCE MENINA

Que Destino abençoado
Na imensidão da vasta rede
Conseguiu reunir, com milimétrica precisão
Dois desconhecidos tão iguais,
Que se complementam
Como as duas faces da moeda
Num vendaval de paixão
Que Deus misericordioso
Me conduziu a este porto seguro
Onde posso descansar minha alma
Amenizar a dor do meu peito
Restaurar meu amor
Você é tão linda
Mais parece um querubim
Quando se perde em devaneio
Alcanças o êxtase sem par
Agarrada em mim
Nas gélidas noites de luar
Mais parece uma criança
Uma doce menina
Jamais perdeu a esperança
Que um dia, o amor verdadeiro
Iria te encontrar.

sexta-feira, março 05, 2010

CERTEZA

Não consigo mais parar
De pensar em ti
Você roubou meu coração
E pra longe o levou
Tenho medo de não suportar
A distância em si
Me consome o fogo da paixão
Você muito me encantou
Só me restou a certeza
Que de hoje em diante
Buscarei sempre tua direção
Você é o meu Norte
Meu pé-de-coelho
Meu trevo da sorte
Fiquei completamente pasmo
Com tua beleza
A graciosidade de mulher
Amei o teu momento
A profundidade do teu orgasmo
Te quero muito, meu amor
Ao teu lado, envelhecer
Te ver feliz, te ver crescer
Sem mágoas e sem rancor
Te roubar
Deste relacionamento adverso
E te oferecer
Nada menos que o Universo.